A propósito das dificuldades que Portugal está a ter para se apurar para o Euro2008 (espero que hoje à noite tudo corra pelo melhor!), pus-me a reflectir sobre as razões que Portugal e outras selecções fortes têm tido para se qualificar, ou as dificuldades em obter bons resultados em edições de campeonatos do mundo ou da europa.
Sejamos honestos: com os adversários do grupo em que Portugal calhou, a nossa qualificação já deveria estar assegurada antes deste último jogo com a Finlândia. Relacionado com este tema deixo a pergunta que vou tentar responder de seguida: "Porque é que grandes selecções têm sistemáticamente resultados aquém dos esperados em grandes competições?" (ex.: Espanha, Inglaterra, Holanda, Argentina).
Como se pode ver, não coloquei Portugal nos exemplos mencionados porque até à altura desta fase de qualificação achei que Portugal praticava este "pequeno segredo" para o sucesso. Durante a fase de qualificação deixaram de o implementar com a quebra de resultados verificados.
E que segredo é esse? Na minha opinião é simples: haver a equipa de Portugal e não a selecção de Portugal!Passo a explicar: durante muitos anos (principalmente com Humberto Coelho e Scolari), os atletas seleccionados ao longo de toda a campanha representavam um grupo pouco numeroso (parecido com um plantel) e no qual era difícil entrar - mesmo que alguns atletas "extra" fizessem um par de bons jogos nos campeonatos nacionais (daí também uma das razões dos jogadores de equipas fora "3-grandes" terem mais dificuldade em serem seleccionados). Lembro-me de este facto ser causa de crítica constante de comentadores e adeptos. Apesar de ser compreensível a opinião contrária, gostava quando os seleccionadores não davam o braço a torcer - salvaguardando assim um grupo em detrimento de alguns jogadores (caso Baía à parte, que ainda hoje nunca foi devidamente explicado e que poderá não se encaixar no que estou a justificar). Lembro-me de a Inglaterra convocar o Theo Walcott sem um único jogo na Premier League, ou de ver laterais/médios espanhóis serem titulares na primeira internacionalização (del Horno, Sergio, Albelda, ...) , ou de quantos novos Maradonas não teve a Argentina que após 2-3 jogos se eclipsavam (Ortega, Milito,...), etc. Ora o que os selecionadores desses países queriam era ver resultados imediatos, e diga-se que o conseguiam em muitos casos (entenda-se jogos), mas quando chegavam as competições finais algo corria mal! Portugal não era assim - o onze estava quase sempre definido, e as alterações eram pontuais! Era difícil ser selecionado não pertencendo a um núcleo base. Os novos que entravam passavam por um processo de aprendizagem: selecções jovens, selecção "B", "AA"; treinos - bancada - suplente - titular - responsabilidades em campo (marcação de livres, penalties) - capitão. Nesta fase de qualificação este processo perdeu-se (também por causa de inúmeras lesões, diga-se) mas custa-me ver a ascenção tão rápida de jogadores como Miguel Veloso, Bruno Alves, Bosingwa, Makukula, Nani, etc (atenção que não estou a pôr em causa o valor destes jogadores). Mas em determinada altura foram preteridos Fernando Meira, Jorge Andrade, Tiago do núcleo-base.
O importante a meu ver é a constiuição de um grupo e não o alinhamento do melhor 11 em cada momento!
Para finalizar quero apenas desejar boa sorte à equipa de Portugal!
E como para o Euro só falta o jogo de hoje, o que tem acontecido para um jogo deve dar! ;)